O Problema é o Slow Motion!

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Sabe aqueles filmes de superação que mostram como a vida pode ser incrível se você fizer uma grande reviravolta e der a volta por cima? Já repararam como na maioria deles a parte da reviravolta, a parte dos treinos intensos de boxe, a parte das madrugadas de estudos, a parte mais monótona passa super-rápido? E que o filme sempre mostra com ênfase a péssima situação vivida no início e depois pula pra a grande luta/duelo final, ou a grande prova/teste que levará o protagonista ao sucesso imediato? Esse é o problema, o Slow Motion!

Tudo bem que em um longa-metragem no máximo teremos umas 3 ou 4 horas, não havendo tempo suficiente para os diretores explorarem a história nos seus mínimos detalhes.

É principalmente por esse motivo que é comum os filmes terem inícios chocantes que prendem sua atenção e o fazem viajar pela história e depois já preparam você para o gran finale. O slow Motion usado no início e no fim do filme é típico de um pensamento imediatista, que não está preocupado com o desenvolvimento da história, o que importa é que o objetivo seja cumprido, ou seja, o vilão derrote o mocinho, o lutador honesto vença o carrasco ou o estudante passe no teste, forme uma grande empresa e atinja o sucesso instantâneo. Nada mais semelhante a vida real, estamos repletos de histórias assim, de superação, lutas e vitórias.

O que os diretores de Hollywood terminam encobrindo intencionalmente ou não, é justamente onde se aplica o “Fast Motion”, ou seja, os treinos, os machucões, os atrasos, as faltas, as dificuldades que estão presentes no dia a dia de cada ser humano honesto e trabalhador, que assim como os protagonistas, almejam um sucesso futuro. É no cotidiano que as histórias vão se desenrolando na verdade, um sucesso em um grande teste não é somente pelo conhecimento, é por causa da disciplina, do esforço, da determinação, da força de vontade, da coragem que somos forçados a apresentar nos dias “normais” da vida.
No mundo real, essa parte também é em Slow Motion!

E é essa a grande “magia” desprezada por Hollywood, o desenrolar da história é a parte mais importante, mais interessante e instigante de toda e qualquer história. Talvez por isso, os livros, principalmente de aventuras, ainda são tão vendidos no mundo todo, porque mostram a rotina dos personagens, e é aí onde o leitor mais se identifica e curte a história. Depois que as grandes dificuldades iniciais passam, o que sobra é a rotina da vida que não é nem um pouco monótona e é onde geralmente a melhor parte da vida acontece, os hábitos são formados e as situações são resolvidas “na hora, no caixa e sem burocracia”.
Agradeçamos a Hollywood por nos ensinar os fins, mas vamos vivendo os meios.

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