O que as crianças têm, que os adultos não têm?

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Pureza, inocência, amor, são possíveis respostas para esse questionamento. No entanto, essa questão vai muito além de respostas objetivas. Fazendo a pergunta ao inverso (o que os adultos têm que as crianças não têm?), descobrimos que temos responsabilidades, obrigações e deveres, coisas que as crianças ainda estão aprendendo a lidar. Lidamos com sucesso e frustação, riqueza e pobreza, benefícios e malefícios, as crianças não ligam para nada disso. Lidamos com pessoas difíceis, trabalhos difíceis, situações difíceis, que nos obrigam a agir de forma adulta e equilibrada. Crianças por sua vez, lidam com tudo isso da forma mais simples possível, com amor.

Em meio a vestibulares e cobranças da vida perguntei a minha irmã mais nova o que ela queria ser quando crescesse, ela muito extrovertida disse “imperatriz”, na verdade ela queria somente dizer que seria uma futura “atriz”, mas de forma amorosa e ingênua definiu seu futuro sem ao menos saber pelo que precisaria passar para tornar-se uma atriz. Crianças não estão preocupadas, com o que vão vestir, com o que vão comer, com seu futuro, com as contas a pagar ou mesmo se encontrarão o amor de sua vida. Suas vidas se resumem a amar e a aprender. Quando crescem, tornam-se fruto do que aprenderam com os pais, serão adolescentes rebeldes ou amorosos, jovens revolucionários ou conscientes, adultos felizes ou infelizes. Tudo depende do tempero dos pais.

Não importa a situação, seja de guerra ou de paz, seja de fartura ou de escassez crianças permanecem felizes, alheias ao ambiente, não insensíveis, apenas felizes. Cristo em uma de suas mais conhecidas e belas passagens, transformou as crianças em modelos de vida para os adultos. Além da questão espiritual, há uma questão pedagógica, sejamos simples como as crianças, vivamos apenas de amar e aprender. Respondendo a nossa questão principal, crianças não tem nada que nós adultos não tenhamos também. Temos a pureza, a inocência e o amor, da mesma forma e na mesma intensidade. É apenas uma questão de cultivarmos o amor, afastar nossa alma de impurezas, conquistando assim a invejada inocência aparentemente perdida.

Uma das chaves na evolução de uma criança para uma grande pessoa, a qual deve ser praticada pelos pais, é o princípio da autoridade, não confundir com autoritarismo. Crianças que aprendem a respeitar seus pais pelo exemplo, pela compreensão, tornam-se adultos equilibrados pois tem uma direção, um rumo a seguir. Enquanto que o autoritarismo tem consequências diretas e inconscientes na vida do individuo, muitas de nossas atitudes são inconscientemente ligadas aos padrões que aprendemos e nada melhor que pais amorosos e atenciosos na formação de uma pessoa humana. Adultos e Pais nada mais são que eternas crianças amando e aprendendo a cada dia.

  • Texto escrito para o livro de Irmã Anita